quarta-feira, 30 de abril de 2014

Perdoe-me tanto laquê - Juliana Gervason

Oi! 
Hoje vou escrever sobre o livro de uma poetisa contemporânea! 

#boaleitura #boapoesia


O livro Perdoe-me tanto laquê, foi escrito pela Juliana Gervason do blog O batom de Clarice. Conheci o blog e o livro através da resenha do Cheirando Livros. E gostaria de agradecer pela existência desses dois blogs, que fazem um trabalho de qualidade nesse mundo da discussão literária virtual.

O livro da Juliana é ótimo! Nele me identifiquei com a maioria das poesias e li super rapidinho, quase como se estivesse conversando comigo mesma... É muito bom encontrar uma poetisa de tanto talento e sensibilidade no mercado brasileiro atual. 

Nos versos desse livro, podemos deparar com questões próprias da vida de nossos tempos. Encontrei, nas palavras de Juliana, mais um refúgio para essa angústia inerente ao existir; tal como encontrei em outros grandes poetas que venho indicando aos poucos aqui no blog. 


Além disso, foi muito bom ter a oportunidade de comprar o livro com a própria escritora, que foi super carinhosa com a minha encomenda e escreveu dedicatória, recadinho com beijo do Theo e arrumou tudo com o maior cuidado para mim. Muito obrigada, Juliana! :)


da vida

eu precisei ir para poder voltar. e voltei tarde, porque o retorno foi rápido
não saí tanto de mim quanto eu achava ter saído
dois passos talvez.
voltei três passos, para constar, para me assegurar que se sair de novo, tenho a 
proteção que me salva.

eu voltei para o meu já. que era, antes, esse agora que nunca
voltava.

dois passos apenas.

mas como eu fiquei longe de casa.


e de mim.

Juliana Gervason



das relações humanas

a gente às vezes tem que tomar cuidado
e evitar uma entrega completa
pois da entrega completa podemos voltar incompletos
faltando até para nós mesmos.

Juliana Gervason


das questões

quando deixamos de ser o que somos,
e descobrimos que o que somos não é o que queremos,
nos tornamos nós?

Juliana Gervason


Gostaria de acrescentar mais um pedido: Juliana, por favor, escreva mais. Porque esse livro só me deixou com mais vontade de ler outras poesias suas... Portanto, se for possível, atenda ao meu apelo e faça outros livros, com ainda mais poemas. Vou adorar! :)

domingo, 27 de abril de 2014

Aventuras de Alice no País das Maravilhas & Através do Espelho

Oi! 
Esse fim de semana li o livro que ganhei de presente de Páscoa (sim, pedi livro e não chocolate...).
#boaleitura


Sim, é o livro Alice, publicado nessa lindíssima edição pela editora ZAHAR. Nele estão dois livros clássicos, nascidos na Inglaterra: o "Aventuras de Alice no País das Maravilhas", publicado pela primeira vez em 1865, e o "Através do Espelho", publicado em 1872. Os livros foram escritos pelo Lewis Carroll, que é o pseudônimo de Charles Lutwidge Dodgson, e tem ilustrações maravilhosas feitas pelo John Tenniel.


Eu tinha um professor na faculdade (e não estudei Letras, hein...) que vivia falando para lermos o Alice no País das Maravilhas do Carroll porque é um livro maravilhoso e totalmente diferente do filme da Disney, segundo ele. Não havia dado tanta atenção para essa dica porque sempre achei o filme da Disney totalmente sem noção. Mas, após ver essa edição nova e algumas críticas positivas, resolvi ler com afinco as Maravilhas do país de Alice.


E como foi? Fiquei fascinada e só consegui dormir de sábado para domingo depois de ter terminado a leitura de todo o livro. No começo, confesso que fiquei com o mesmo pensamento de quando assisti ao filme da Disney: "surreal...". Mas, a leitura foi se desenrolando rapidamente, sempre uma surpresa nova acontecia e fui me envolvendo com a História. Depois de ler o diálogo que vou transcrever abaixo, todo o livro foi fazendo mais sentido para mim:

Alice: "Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para ir embora daqui?"
"Depende bastante de para onde quer ir", respondeu o Gato.
"Não me importa muito para onde", disse Alice.
"Então não importa que caminho tome", disse o Gato.
"Contanto que eu chegue a algum lugar", Alice acrescentou à guisa de explicação.
"Oh, isso você certamente vai conseguir", afirmou o Gato, "desde que ande o bastante."

Alice, nos dois livros, está em um momento de descanso - "meio conversando consigo mesma e meio dormindo" - quando abre sua mente para o mundo mágico de suas aventuras. E não seria assim com nós mesmos, às vezes, quando estamos naquele ócio sossegado é que encontramos criações e verdades dentro de nós que anteriormente não havíamos pensado ou atinado para a coisa? 


É nesse mundo do "vamos fazer de conta" que Alice vai nos estimulando a pensar sobre movimentos tão enraizados na humanidade, onde só mesmo em um país de fantasia o autor poderia dialogar sobre isso com uma criança (ou com um adulto também...). Um assunto que achei interessante, por exemplo, foi o questionamento dos nomes dados para os animais, como no trecho abaixo:

"De que serve terem nomes", disse o Mosquito, "se não atendem por eles?"
"Não serve de nada para eles", disse Alice, "mas é útil para as pessoas que lhes dão nomes, suponho. Senão, para que afinal as coisas têm nome?"
"Isso eu não sei", respondeu o Mosquito. "Lá longe, no bosque, elas não têm nome nenhum... (...)"

Então, me diga, uma mesa poderia se chamar cadeira e cadeira poderia se chamar mesa, certo? kkk... já comecei a viajar enlouquecidamente nesse texto, como a Alice... Deve ser a hora avançada da noite.

Realmente, gostei muito de pensar e "viajar" com a Alice por essas questões apresentadas no livro. Sempre amei filosofar e em cada capítulo eu podia pensar mais e mais... Gostei principalmente do livro "Através do Espelho", no qual o jogo de palavras utilizado pelas personagens de um mundo bem diferente era sempre divertido:

Rei: "(...) Dê uma olhada na estrada, e diga-me se pode ver algum deles."
"Ninguém à vista", disse Alice.
"Só queria ter olhos como esses", observou o Rei num tom irritado. "Ser capaz de ver Ninguém! E à distância! Ora, o máximo que eu consigo é ver pessoas reais, com esta luz!"


O que estou querendo dizer é: sim, se permita entrar no País das Maravilhas & Através do Espelho e mude um pouco o seu mundo de perspectiva. Sim: cresça e diminua de tamanho; pense que hoje pode ser seu "desaniversário"; fique em dúvida se você na verdade não é uma personagem no sonho de outra pessoa... Por que não? 

Indico mudar o seu olhar de perspectiva junto com a Alice para depois, quem sabe, fechar o livro e ver melhor. :)

sexta-feira, 25 de abril de 2014

A nossa casa - Florbela Espanca

Oi! 
Hoje vou com a poesia da mais nova aquisição da minha estante, achado em um sebo ótimo! :)
#boapoesia


Sim, é um livro de Sonetos da Florbela Espanca! E quanto custou? Apenas R$ 4,50!!!!! :)
Tinha prometido para mim mesma não comprar mais nenhum livro esse mês, mas... Fui lendo e lendo, vi o preço, não resisti... 
Ainda não o li todo, mas em homenagem ao livro mais barato (e com muita qualidade, hein...) que comprei até hoje, a poesia será dela: Florbela Espanca!

A nossa casa

A nossa casa, Amor, a nossa casa!
Onde está ela, Amor, que não a vejo?
Na minha doida fantasia em brasa
Constrói-a, num instante, o meu desejo!

Onde está ela, Amor, a nossa casa,
O bem que neste mundo mais invejo?
O brando ninho aonde o nosso beijo
Será mais puro e doce que uma asa?

Sonho... que eu e tu, dois pobrezinhos,
Andamos de mãos dadas, nos caminhos
Duma terra de rosas, num jardim,

Num país de ilusão que nunca vi...
E que eu moro - tão bom! - dentro de ti
E tu, ó meu Amor, dentro de mim...

Florbela Espanca

Florbela foi uma poetisa portuguesa, nascida em 1894, cuja vida conturbada serviu de inspiração para versos lindos; cheios de feminilidade, liberdade e erotismo. Nesse poema aqui do post, acredito que muito dessas três características destacadas se revelam. Foi difícil escolher apenas um só para hoje, talvez quando eu terminar de ler todo o livro acabe fazendo uma resenha detalhada e com mais poesias! Mas, esse foi um dos que mais gostei até agora (dentre os outros vários também preferidos...rs...). Quando o leio, sinto a emoção de um casal de namorados que sonha com sua união, sua própria casa... E ainda mais importante: um casal que deseja morar dentro de si, residindo nesse amor de corpo e alma. Será que viajei muito? rs...

Enfim, penso no poema como uma das formas de expressão artística que mais conversa com nosso alma. Seja o que for que estivermos sentindo, alguma poesia pode ser lida (ou escrita, que tal?) para nos acolher nesse momento. Por isso também indico Florbela Espanca! :)

quarta-feira, 23 de abril de 2014

1984 - George Orwell

Oi! Acabei de ler um livro que, teoricamente é ficção... mas na prática, não sei não, hein... #boaleitura


O livro 1984 foi escrito pelo autor George Orwell e publicado no ano de 1949. Personagem principal do livro, Winston é um homem vivendo em uma sociedade absurdamente totalitária, dominada pelo Estado. O ser humano não pode fazer nada sem ser vigiado, como todos em seu mundo. Suas ações e pensamentos são controlados e, caso tenha qualquer tipo de reação fora da qual é a destinada para os homens pelo Partido, o rapaz vira alvo do sistema.



O livro é ficção pura, mas o que me impressionou mais durante a leitura, foi ter identificado certos traços dessa sociedade maluca e ditadora na maneira como nós, hoje em dia, somos governados. Estou falando das câmeras nos vigiando o tempo todo; da "caridade estatal" que pode vir a aprisionar as pessoas mais pobres em uma maneira de viver que não os ajuda a progredir, o que uma boa educação nas escolas públicas poderia fazer por eles realmente;  e etc. Sim, eu acho que a educação deveria melhorar e etc.

Separei algumas quotes formidáveis:

"Pois se o lazer e a segurança fossem por todos usufruídos, a grande massa de seres humanos normalmente estupidificada pela miséria aprenderia a ler e aprenderia a pensar por si; e uma vez isso acontecesse, mais cedo ou mais tarde veria que não tinha função a minoria privilegiada, e acabaria com ela."

"Permitiu-se que estagnasse a economia de muitos países, a terra deixou de ser arroteada, o maquinário básico permaneceu na mesma, grandes setores da população foram impedidos de trabalhar e mantidos semivivos por meio de caridade estatal."

"Só poderiam ficar mais perigosos se o progresso da técnica industrial tornasse necessário educá-los mais; porém, como a rivalidade militar e comercial não tem mais importância, declina o nível da educação popular."


Se gostei do livro? Se indico?

Gostei muito! Apesar do final ser triste e pessimista (isso foi ruim), acredito que esse livro deveria ser leitura obrigatória nas escolas para os jovens de uns 17 ou 18 anos, bem como o livro Admirável Mundo Novo (Outro livro ótimo, do autor Aldous Huxley! Já leu?). Porque escritores como o George Orwell nos fazem pensar em política e no nosso papel na sociedade, o que deveria ser um tema importante para os jovens que votam (ou será que é justamente por isso que o livro não é obrigatório?!).

Acho política um tema meio chato e cheio de divergências, complicações. Mas, veja bem, se não pensamos sobre como queremos ser governados e como o somos de fato, acabaremos sendo dominados pelo poder onipresente de um sistema opressor.

Então, indico a leitura do livro 1984, bem como toda a liberdade de expressão sobre a política e a ficção de nosso mundo! :)





segunda-feira, 21 de abril de 2014

Mary Poppins - o filme

Oi! Hoje vou continuar na linha de filmes infantis que eu tanto tenho apego...rs... #bomfilme


Mary Poppins é um filme da Disney, baseado em livros do mesmo nome escritos pela P.L. Travers. O filme é norte-americano, de 1964 com gênero fantasia musical, foi dirigido pelo Robert Stevenson e, tenho que dizer, com a maravilhosa atriz Julie Andrews como a Mary Poppins.
Quando eu era criança, tive a oportunidade de assistir ao filme e lembro bem do meu encanto com a história, além de ter me apaixonado pela bolsa da Poppins, da qual tudo podia sair...
Há algumas semanas atrás, fui ao cinema ver o filme Walt nos bastidores de Mary Poppins, que também gostei muito, e fiquei com vontade de rever o Mary Poppins. Procurei aqui e ali, achei, comprei. Acabei de assisti-lo novamente e continuo com a mesma mágica impressão do filme; é lindo!

A história conta sobre uma família de Londres em 1910, cujo pai, o Sr. Banks, trabalhava em um banco e era sempre bastante rigoroso; a mãe parecia ausente, prestando atenção em sua luta feminista da época; e os dois filhos do casal ficavam entregues às babás, que nunca ficavam muito tempo trabalhando na casa pois as crianças pareciam ser umas pestinhas. Até que chega a babá quase perfeita, Mary Poppins, que atendeu ao apelo das crianças por uma babá amorosa e foi cuidar dessa família. Quando Poppins chega, a alegria das coisas mais simples volta a se fazer presente, as crianças são cuidadas com atenção e carinho e, com um jeitinho cheio de atos psicologicamente bem realizados, Mary abre os olhos dos pais dessas crianças... Como bem colocado no filme Walt nos bastidores de Mary Poppins, na verdade, quem precisava de ajuda mesmo não eram as crianças e sim o pai (ou os pais) delas.

Divertida e acolhedora, Poppins vai colocando cada coisa em seu lugar; "fazendo o remédio descer mais fácil com uma colher de açúcar"; indicando a risada para fazer das pessoas mais leves. Esse trabalho vai para além de uma simples babá... Comecei a pensar que esses programas de TV como a Supernanny são seriamente inspirados nesse filme ou nos livros (mas ainda não os li, então não tenho certeza...)... Considero uma boa ideia a desse programa de TV, mas só a Mary Poppins é a Poppins... não tem comparação. Quer dizer, na realidade, eu classificaria o emprego da Poppins, que se denomina uma babá quase perfeita (tem um filme com esse nome, não é?), como mesmo um trabalho na alma das pessoas daquela família, talvez mais como uma psicóloga boa e acolhedora... Ou será que já estou viajando muito? rs!

Enfim, super recomendo o filme! E, se alguém quiser me presentear com os livros, ficarei agradecida! :) 

quinta-feira, 17 de abril de 2014

XLVIII - Soneto de Amor - Pablo Neruda

Oi!
Hoje é dia de poesia! Essa é uma das que mais gosto do Pablo Neruda, que está no meu livrinho antigo, o Cem Sonetos de Amor... #boapoesia


XLVIII

Dois amantes ditosos fazem um só pão,
uma só gota de lua na erva,
deixam andando duas sombras que se reúnem,
deixam um só sol vazio numa cama.

De todas as verdades escolheram o dia:
não se ataram com fios senão com um aroma,
e não despedaçaram a paz nem as palavras.
A ventura é uma torre transparente.

O ar, o vinho vão com os dois amantes,
a noite lhes oferta suas ditosas pétalas,
tem direito a todos os cravos.

Dois amantes felizes não tem fim nem morte,
nascem e morrem muitas vezes enquanto vivem,
tem da natureza a eternidade.

Pablo Neruda


Neruda é um poeta chileno conhecido internacionalmente, inclusive personagem do famoso filme O Carteiro e o Poeta. Para deixar claro a dimensão desse reconhecimento, também posso citar: o escritor recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1971. 
Quando leio seus versos de amor, me sinto acolhida e envolvida em verdadeiros sentimentos. Sinto o que essa poesia diz; enquanto penso: "Dois amantes felizes não tem fim nem morte"... Um casal é eternidade, é uma unidade... "deixam andando duas sombras que se reúnem"... não se perdem um no outro, procuram buscar a paz... "não se ataram com fios senão com um aroma"... vão vivendo a vida com carinho e recomeços... "a noite lhes oferta suas ditosas pétalas", "nascem e morrem muitas vezes enquanto vivem"...
A poesia de Neruda transborda sentimento; como um abraço amoroso, um beijo apaixonado, um caminhar lado a lado. Indico! :)

quarta-feira, 16 de abril de 2014

A Princesa e o Sapo

OI! Estou adiando escrever sobre esse filme faz tempo... sempre o olho e penso que tenho de escrever sobre isso no blog, é um dos meus filmes preferidos da Disney"A Princesa e o Sapo"... Adoro essa história!! #bomfilme


Para quem ainda não viu o filme, conta sobre uma moça, Tiana, com baixa renda salarial (ou seria uma princesa?), cujo sonho é abrir um restaurante próprio. Para isso, trabalha em dois empregos e junta todo o dinheiro que ganha, com energia e motivação. Eis que surge um príncipe (ou seria um sapo?), que somente sabe gastar o dinheiro dos pais, se divertir, festejar... e está arruinado financeiramente depois de tanta bagunça; sua única chance de voltar a ter dinheiro é casar com uma moça rica (ou teria outra escolha?). Por uma ironia mágica do destino, esses dois seres de personalidade tão opostas, se encontram. E o resto não falo mais que é para não estragar a surpresa. 

Qual é o motivo que me faz gostar tanto desse filme em específico? Vou dizer: Tiana é a princesa da Disney que mais admiro (apesar de também ter uma identificação com a Bela por conta da paixão pelos livros...). Sim, é pelo fato dessa princesa ter um sonho próprio, que não se resume ao encontro do príncipe encantado. Sim, também pelo fato de ser trabalhadora, correr atrás do que tanto almeja, sabendo bem que é só através de muito esforço que se consegue construir a vida. E, claro, por encontrar no jeito da Tiana uma mensagem que eu faço questão de deixar para os meus filhos (se um dia eu tiver filhos): trabalhe e se esforce muito para conseguir o que deseja; corra atrás! É você mesmo quem deve lutar pelos seus sonhos e a gente não consegue nada sem muito suor e batalha. A vida não é fácil, mas o trabalho e o amor fazem felicidade! Além de bons livros, bons filmes e bons programas culturais também colaborarem para a alegria nossa de cada dia, é claro! rs... A Princesa e o Sapo é indicado, vou guardar para meus futuros filhos! :)

domingo, 13 de abril de 2014

Bicarbonato de Soda - Fernando Pessoa

OI!
Hoje vou inaugurar um espaço novo... só para falar de poesia...
Mas não de um livro e sim de apenas uma poesia.
Pretendo continuar resenhando livros de poesia, mas também gostaria de deixar aqui alguns momentos para que uma única poesia possa ser lida inteira. E, assim, deixá-la por si só como fonte de todo o pensamento que a alma couber... Enfim, não sei se me fiz entender, mas vamos lá...
#boapoesia


Bicarbonato de Soda

Súbita, uma angústia...
Ah, que angústia, que náusea do estômago à alma!
Que amigos que tenho tido!
Que vazias de tudo as cidades que tenho percorrido!
Que esterco metafísico os meus propósitos todos!

Uma angústia,
Uma desconsolação da epiderme da alma,
Um deixar cair os braços ao sol-pôr do esforço...
Renego.
Renego tudo.
Renego mais do que tudo.
Renego a gládio e fim todos os Deuses e a negação deles.
Mas o que é que me falta, que o sinto faltar-me no estômago e na circulação do sangue?
Que atordoamento vazio me esfalfa no cérebro?

Devo tomar qualquer coisa ou suicidar-me?
Não: vou existir. Arre! Vou existir.
E-xis-tir...
E--xis--tir...

Meu Deus! Que budismo me esfria no sangue!
Renunciar de portas todas abertas,
Perante a paisagem todas as paisagens,
Sem esperança, em liberdade,
Sem nexo,
Acidente da inconsequência da superfície das coisas,
Monótono mas dorminhoco,
E que brisas quando as portas e as janelas estão todas abertas!

Dêem-me de beber, que não tenho sede!

Fernando Pessoa


Essa poesia é de um dos meus poetas favoritos, o Fernando Pessoa...
Quando a leio, parece que minha angústia se encontra com a dele e nos perguntamos: cabe a nós tomar um chopp ou solicitar a morte?
Cabe existir e suportar a existência, encontrar a angústia, se deixar envolver pelos versos de Pessoa enquanto encaramos nós mesmos, aqui dentro, tentando as palavras ou artifícios para ajudar com essa náusea de viver.
Nem sempre é fácil existir. Mas com poesia é mais cheio de alma; é mais cheio de si.
Leia Bicarbonato de Soda sempre que a pressão for grande: tome um minuto de poesia, super recomendo! :)

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Tag: Qual é o livro?

Oi!Hoje vou estrear o espaço para Tag no blog.
Pretendo juntar todas no marcador #boatag (possível de se achar aí no canto direito da tela) , assim fica mais fácil de encontrá-las depois de um tempo! 

Vamos lá! Quem me indicou foi a Tici do blog Bibliophiliarium - adorei!! - e o criador original é o Guilherme Almeida do blog Um Livreiro Sonhador (mas, não estou conseguindo colocar o link aqui, aparece que o blog foi removido... eita... Desculpe por isso, Guilherme, e obrigada pela criação!).

As regras são: 

- Você deve ir até a sua estante, fechar os olhos e, sem espiar, pegar um livro qualquer;
- Depois, precisa responder 10 perguntas relativas ao livro que você pegou para que seus leitores descubram de qual livro se trata;
- Indicar 10 blogs para participar também.

Segundo Tici, a tag original fala que só blogs indicados que acertaram qual é o livro poderão participar. Mas, como  o Bibliophiliarium fez, vou abrir para qualquer blog que tenha interesse em fazer: indicado ou não, independente de terem acertado o livro.


E agora o mais importante: adivinha qual é o livro?

1 - Quantas páginas tem o livro?
312 páginas

2- Qual a cor predominante na capa?
Branco. ( A capa é branca com uma figura na cor bege)

3 - Qual a editora?
Companhia das Letras

4 - Qual o gênero?
Romance, Ficção Especulativa

5 - Faz parte de uma trilogia/saga?
Não.

6 - É autor ou autora?
Autor.

7 - É de autor(a) brasileiro (a)?
Não. (Português)

8 - É um livro muito conhecido?
Sim!

9 - É um best-seller?
Bom, o livro já tem 44 reimpressões, pelo menos... 

10 - Tem adaptação cinematográfica? 
Sim! 

Alguma ideia de que livro é? Não é fácil, talvez só enxergado com os sentidos da alma ( pode dica extra? - "a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam")! Se você quiser, coloque sua resposta no comentário... :)


quinta-feira, 10 de abril de 2014

Carmen - Ópera no Theatro Municipal do Rio

Oi!
Acabei de chegar da rua, fui assistir a Ópera Carmen e tenho que dormir, mas...
Preciso escrever um pouquinho porque foi simplesmente sensacional!! #boavisita

CARMEN

Como você pode ler apertando ali na Carmen acima, a ópera estreou hoje no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Trata-se de uma obra prima, do francês Georges Bizet.
É uma história de amor, na qual D. José - que poderia muito bem se casar com uma mocinha correta e viver uma vida honesta - se apaixona por Carmen, a cigana. Por essa paixão, o rapaz larga seu emprego (era um soldado), sua namorada antiga, sua mãe; e vai viver como contrabandista com os amigos da cigana.
Não vou contar o final, caso você tenha interesse pode pesquisar a história no Google que consegue todos os detalhes, mas não espere um "felizes para sempre". E considero que faz todo o sentido esse desfecho. A luxúria envolveu D. José em um jogo confuso e tortuoso, que me pareceu ter retirado tudo o de simples e verdadeiramente amoroso que havia dentro dele. O desejo passional instintivo fez dele um homem sem vida própria - cujo único fio de sentido que o ligava ao viver era uma paixão doentia por uma cigana volúvel.

Deixei o Theatro Municipal pensando em como podemos nos encantar por situações que nos parecem, em determinado momento, mais apaixonantes e sensuais e isso acaba por ser um grande engano. O sedutor nem sempre é o que oferece o nosso verdadeiro encontro com nós mesmos, muito pelo contrário, pode nos destruir. Estar atento ao que realmente somos e permanecer no nosso caminho, por mais que não seja tão luxuoso ou aparentemente não tão envolvente, mas que seja o nosso próprio caminho; isso sim é uma escolha feita com amor. Amor ao que somos e ao que construímos; ao que vamos construir. O resto é matéria que parece ser mais irresistível: não passando de fogo de palha ou, pior, incêndio em nós mesmos.
Enfim, já é bem tarde e amanhã acordo cedo... Tinha que contar aqui o quanto essa ópera é boa! A produção do Theatro Municipal foi incrível, tudo é mágico: figurino, cantores, orquestra, palco, luzes, detalhes, jóias da Carmen...
Fiquei surpreendida em cada instante, foi um espetáculo lindo, maravilhoso!! Bravo!! Se você mora aqui no Rio, tenta ir... Super recomendo! :)

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Emma - Jane Austen

Oi!
Pessoal, estive afastada do blog por um longo tempo porque minha irmã ficou doente e precisou de mais atenção... Bem na única horinha do dia que eu tinha livre para o blog.... Então...
Mas, agora que minha mana já está boa (eba!), vou voltar a ativa! Uhul!! 
E a boa de hoje é um livro de uma das minhas escritoras favoritas: Jane Austen. #boaleitura


O livro Emma foi o quarto que li da autora, depois de já ter lido Orgulho e Preconceito, Persuasão e Razão e Sentimento. Gostei de todos, todos tem a escrita Jane Austen de ser, levantando em romances de época temas que são assuntos que envolviam (e talvez ainda envolvam) a formação de um casal; como o status social, o orgulho, dinheiro, poder e outros. São livros que articulam bem o posicionamento e personalidades de cada figura envolvida; nos remetem ao espaço físico de uma Inglaterra cheia de jardins e bosques; inspiram nosso coração através dos sentimentos das jovens apaixonadas... Enfim, eu adoro! Já ouvi comentários dizendo que todos os livros da Jane Austen são iguais, mas discordo. Sim, a escrita parece mesmo e os livros são principalmente sobre amores, apesar de também nos alertar sempre para o modo de viver da sociedade da época, dentre outras coisas. 
Mas, vamos combinar que cada história é única por si só e me prendeu a atenção igualmente!


Falando especificamente de Emma,  posso dizer que foi o livro que mais me surpreendeu da autora.
Isso porque a personagem principal, que deu nome ao livro, por muitas vezes me irritou ao extremo e até a metade da história eu estava com vontade de odiá-la definitivamente. A moça parecia cruel, tentando adivinhar, julgar e predestinar um e outro conhecido, jogar com eles como se fossem fantoches, interferir com quem um ou outro deveria ou não casar... entre outras atitudes infantis e tolas.
Só que no fim do livro, eu já a tinha perdoado e estava gostando bastante de Emma! Por quê?
Ora, porque ela mesma percebeu que é falha e como uma boa humana, conseguiu rever seus conceitos. Ao perdoar Emma me senti perdoando um pouco a mim mesma ou qualquer outra criatura que, afinal, erra sem querer. 
E o que mais enobrece um homem do que perceber que tem atitudes erradas e por si mesmo conseguir se reinventar? Essa não seria uma das grandes belezas da humanidade; essa capacidade de se perceber imperfeito e ter a possibilidade de se repensar, reconsiderar, mudar de forma?
Para mim, Emma foi a personagem mais profunda de todas as criadas por Jane Austen, pelo menos das que já conheci.
Super recomendo essa leitura! :)